segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A solidão

Estava escuro…sentia-me na total solidão de uma noite fria...o meu coração empurrava á força lágrimas de dor, lágrimas de magoa, lágrimas de desespero, lágrimas de fraqueza, ele não consegue aguentar tanto tempo neste terror... pobrezinho….

Sozinha…só a dor me acompanhava, só a revolta do mar eu ouvia, só a lua eu via já a ser ofuscada pela escuridão da noite.
Sentada em cima da areia macia, agarrava uma mão-cheia de areia, apertava com toda a força, a medida que as lágrimas me saiam dos olhos de forma expulsiva.
Não sentia o meu corpo, não o queria sentir de maneira alguma, desejava que dali não pudesse sair por meu pé…
Parada e atenta a cada movimento de cada onda furiosa, reflectiam imagens, palavras, momentos do passado que me deixaram as piores marcas até hoje, até amanha, até sempre!
Na cabeça vários pensamentos se formavam, mas a nenhum eu dava uma conclusão…a única conclusão que tirava é que tudo o que neste momento me faz falta eu não tenho… pessoas da família que perdi sem me poder ao menos despedir, amigos que perdi por erro ou porque tinha de perder, parece que Deus me tirou todas as riquezas que tinha há uns anos atrás, e hoje…estou sozinha… só a saudade rodeia, despedaçando me aquele canto onde sempre os guardei, os guardo e os guardarei para todo sempre com muita dor e saudade.
Porque é que só sentimos falta das pessoas quando já não as temos presentes? Aliás…nós sentimos sempre falta delas, não damos é valor ao quão de bom elas são para nós.
Não sou menina mimada, mas amo os meus pais, mesmo depois de tudo o que já me fizeram, do que me fizeram lutar, no que me fizeram arriscar, nos abandonos que me deram…e mesmo sabendo que não gostam de mim como filha, sofro com medo de um dia deixar de ver o brilho dos olhos deles.
Pois o sorriso, o olhar, o mal tratarem-me vai me fazer falta no dia que eu os vir de olhos fechados. Pois a vivencia deles cá é o meu sorriso todos os dias ao acordar!
Por vezes penso que sou diferente de todas as adolescentes da minha idade, que saem á noite, que bebem, que riem há gargalhada, que se juntam com dezenas de pessoa da mesma idade, que se divertem e que nunca tem falta de nada.
Será que nunca chorem? Será que nada na vida as inquieta? Será que já tiveram um dia a dor de consciência e bateram com a cabeça nas paredes para sentir outra dor sem ser essa? Será que já se apaixonaram por algo impossível? Será que já amaram alguém que nunca as amou?
Será?
Não sei o que tanto me afecta, só sei que a dor percorre os meus dias, gela o meu sangue, me tira a vontade de sorrir…estou saturada… o que me faz criar por vezes o desejo de fechar os olhos e nunca…jamais…sentir alguma coisa!
A vida é tão dura…a vida magoa sem dó….a vida mata-me lentamente!

1 comentário:

  1. parabens! parece impossivel a maneira como interpertas a tua vida...
    a maneira como escreves os teus sentimentos!

    parabens!!!

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